quinta-feira, 5 de julho de 2007

Aos trinta

No ultimo post, falei do meu irmão que completou 30 anos. Então me lembrei desse texto, que escrevi pouco antes de completar os meus 30. Faz quase dois anos, mas ele continua tão atual para mim que às vezes até assusta...



“Há quase 30 anos, nascia uma menina moreninha e bochechuda em um hospital de Brasília. Segundo seu pai, era o bebê mais lindo que jamais havia visto (e ainda hoje repete isso, mesmo depois de ter visto dezenas de outros bebes...). E ao olhar para aquela coisinha pequenina, pensou que ela poderia ser o que quisesse no mundo, que tudo seria possível.
Acho que essa é uma historia comum à maioria das meninas nascidas naquele ano, ou pelo menos sei que é comum a quase todas as minha amigas, que já tem ou completarão 30 anos ate o fim do ano...Em 1974, ou 1975 nos poderíamos ser aquilo que quiséssemos, realizaríamos todos os nossos sonhos:seriamos grandes advogadas, escritoras, jornalistas, atrizes famosas, ate astronautas poderíamos ser!!!!! E também encontraríamos um homem que nos amasse, e teríamos uma linda família e um dia olharíamos o rosto de nossa filha (ou filho) que acabara de nascer e pensaríamos: poderá ser aquilo que quiser!
O que será que aconteceu que fez as coisas darem errado??????
Tinha um grupo amigas no segundo grau. Em 1991 tínhamos todas mais ou menos a mesma idade, com a diferença de um ano no Maximo. Aos 15 anos tínhamos a certeza absoluta de conquistar o mundo. Sabíamos à perfeição o que gostaríamos de ser, e havíamos traçado todos os planos que nos conduziriam ao sucesso absoluto, nas nossas carreiras e na vida. Uma tarde estávamos reunidas e cada uma disse o que via para o futuro das outras. Não me lembro exatamente o que cada uma disse naquela tarde, mas sei que pouco daquilo que dissemos se realizou.
Desse grupo de amigas, três são muito próximas a mim. E ainda que a distância geográfica nos tenha separado, sinto que nossos corações ainda são ligados de um modo único.
Quando olho pra minha vida e também pra vida delas, me pergunto se fizemos as escolhas certas, e onde foi que aqueles sonhos e planos se perderam. Será que aos quinze anos não éramos capazes de criar nosso futuro e fazê-lo acontecer? Ou será que os sonhos e planos daqueles dias deram lugar a realizações concretas que nos fizeram mais felizes?
Não sei ao certo se aquilo que somos determinam nossas escolhas, ou se as escolhas determinam quem somos (ou seremos). O que sei é que, chegando aos trinta, olho pra trás e não reconheço naquilo que realizei os meus sonhos de menina. E me pergunto se não peguei a estrada errada e não tinha uma trilha de migalhas de pão pra seguir e encontrar o caminho de casa...
Nunca perguntei às minhas amigas como elas se sentem em relação a isso, se estão satisfeitas com a vida que construíram . Gostaria de saber...
Dentro de 3 meses comemorarei meu trigésimo aniversario. Não sou uma grande advogada, escritora, jornalista, atriz famosa ou astronauta. Não encontrei meu príncipe encantado, não me casei, não tive nenhum filho. Estou numa espécie de limbo, sem saber exatamente pra onde ir, e com a certeza de que não posso voltar. Sonhei e planejei tantas coisas, e hoje penso que talvez tenha sonhado e planejado demais, e trabalhado pouco pra fazer as coisas acontecerem.
Vi um filme no qual os personagens faziam uma lista das coisas que deveriam ser feitas antes dos trinta. Como tenho só mais três meses, muitas daquelas coisas não vou ter tempo de fazer. Mas antes dos trinta gostaria de ter a capacidade de traçar pra mim uma nova estrada. Uma que me de a certeza de que chegarei ate o fim.

set/2005”