quarta-feira, 28 de abril de 2010

A arte do encontro



Estou pensando em como nossa vida, sempre corrida e estressante, e também nossas relações interpessoais, comumente superficiais, nos dão cada vez menos chances de ter um verdadeiro encontro, onde pessoas efetivamente se descobrem e onde ocorrem trocas reais. Não estou falando somente do encontro amoroso, mas de todos os encontros.

Encontrar significa terminar uma busca. Mas também pode significar uma surpresa, o inesperado, como quando um tesouro se revela. Qualquer que seja o significado escolhido, quando acontece um encontro real e verdadeiro, para mim é como se voltasse para casa, para um lugar onde me sinto mais inteira.

O verdadeiro encontro prescinde de regras, conveniências, máscaras ou definições, nem corresponde a estereótipos e idéias preestabelecidas. É livre e libertador, pois nos proporciona a oportunidade de entrega e ao mesmo tempo a chance de descobrir e descobrir-se através do outro.

Infelizmente o encontro não costuma ser a regra. A busca é uma constante, estamos sempre trilhando esse caminho seja por um amor, um amigo, um trabalho, uma paixão. Procuramos sem parar, acreditando que em determinado momento a busca chega ao fim e acontecerá o encontro. Ou sonhamos com o tal tesouro, aquele que aparecerá quando menos esperamos.

Acontece que muitas vezes estamos tão focados na busca ou no sonho que não percebemos quando o verdadeiro encontro se revela. Quando esses momentos acontecem, acho que o melhor é tentar manter “a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo...”, para não perder o momento.

E de vez em quando outra coisa acontece: a gente tira a sorte grande.

Você não esperava nada, não estava buscando e desencanou do sonho com o tesouro. A vida estava do mesmo jeito que sempre foi, tudo no mesmo lugar. Só que de repente seus olhos se abriram e viram outros olhos.

E ai nada de máscaras, regras, ou convenções. Apenas um encontro, que te mostra como vale a pena se abrir e deixar que toquem seu coração...


Brasilia, 25/04/2010

Foto: Lilian Lima

segunda-feira, 26 de abril de 2010




"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido."

Clarice Lispector