segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Netiqueta

Muitos de vocês já devem ter recebido um texto por e-mail, cuja autoria é atribuída a Carlos Drummond de Andrade, chamado Viver não Dói. Como dezenas de outros textos que circulam na net, esse também teve sua autoria indevidamente creditada ao autor errado.

Quem conhece Drummond, de cara lê e questiona a autoria. Mas a maioria das pessoas não conhece Drummond tão bem assim, ou Fernando Pessoa, ou Clarice Lispector, ou Mário Quintana, entre tantos outros, e cita desavisadamente nos seus blogs, Facebook ou Twitter frases, aforismos, poemas, crônicas atribuídos a esses e outros autores, ou ao maior de todo os escritores workaholics: o famoso Autor Desconhecido. 

Logo que comecei esse blog escrevi sobre isso, o uso indevido de um texto sem crédito ou creditando a autoria a outra pessoa. Nada de errado se achamos bonito, inspirador, emocionante um determinado texto e queremos compartilhá-lo. Errado é não termos cuidado com a citação, a reprodução de um texto e os devidos créditos. 

A internet há muito se tornou uma espécie de "deserto de ninguém", e há até quem defenda que "caiu na rede, virou domínio público". A coisa não pode ser bem assim, devemos, minimamente, ter o cuidade de citar a fonte, o autor daquela frase ou texto ( coisa que muita gente não faz, em especial no Facebook ou Twitter) e, mais ainda, verificar se aquela autoria atribuida é ou não real, e nisso o google ajuda bastante. 

Porque esse cuidado? Por uma questão de ética, de consideração, de bom senso, gentileza, coisas que ultimamente andam relegadas a segundo plano nessa nossa grande rede virtual. Eu mesma caí numa dessas, como já falei aqui no blog.

Tenho o hábito de postar textos de terceiros, em especial poesias de autores conhecidos. Nesse caso, uso um título para o post  (Palavras emprestadas), e sempre o nome do texto e o autor. E verifico em todas as fontes possiveis se o poema ou crônica que estou postando realmente foi escrito por aquela pessoa.

Quando se trata de textos retirados de outros blogs, sempre peço autorização para copiar, cito a fonte ou, quando me pedem, cito apenas uma parte e direciono para o blog original, com um link para "ver mais".

Isso é o mínimo que podemos fazer. Não dá para esquecer que muitos "blogueiros" são escritores que vivem dos seus blogs, seja através de clicks, seja porque os textos são "encomendados" por um determinado patrocinador. Se você simplesmente copia aquele texto no seu blog, Facebook ou Twitter,  pode estar prejudicando alguém que vive disso e, inclusive, ferindo os direitos do autor, o que pode ser crime.

Então, meus caros amigos, vamos ter mais cuidado, tanto ao citar com a autoria correta, quanto ter a gentileza de consultar o autor , no caso de textos extraídos de sites ou blogs, se este nos dá a permissão de copiar seu texto. 

Na dúvida, que tal escrever um texto sobre aquele que você gostou e linkar o original? A ética e a gentileza agradecem ;)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Palavras Emprestadas - A poética de Manuel Bandeira



Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus exíguos
- Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos -

Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.

Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu'alma
Nua, nua, nua...