quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Se as canções são todas feitas pra você

Quantas vezes você não sonhou com aquele alguém que cantaria no seu ouvido algo assim:
“Você vai ter que encontrar/ aonde nasce a fonte do ser/ e perceber meu coração/ bater mais forte só por você /o mundo lá sempre a rodar/ e em cima dele tudo vale/ quem sabe isso quer dizer amor/ estrada de fazer o sonho acontecer”.

O amor através da música. Ouvir na voz da pessoa que ama que “você é todas elas juntas num só ser”, melhor ainda se ele compuser a música pensando em você...

Achei que finalmente tinha chegado a uma fase da minha vida na qual o romantismo teria dado lugar ao pragmatismo e que não iria mais querer sentimentos de novela...Ledo engano. Meu tolo coração romântico insiste em acreditar que ainda vai chegar aquele cara que vai cantar, olhando nos meus olhos, e eu vou ter certeza que ele realmente canta pra mim. Mesmo que a música não seja dele.

A música constrói o início de muitas história de amor. Eu mesma já me apaixonei através de canções. A cada dia uma diferente e era sempre lindo, mas ilusório. Porque por mais que se falasse das canções, por mais que eu as escutasse, não acho que eram realmente “para mim”, nunca foram olhando nos meus olhos e dizendo as palavras, uma a uma, pra que eu me sentisse única e especial. E quando chega ao fim, a gente olha para trás e percebe que não era realmente pra ser. E novamente vem a música:

“Ficou difícil / Tudo aquilo, nada disso/ Sobrou meu velho vício de sonhar / Pular de precipício em precipício /Ossos do ofício / Pagar pra ver o invisível / E depois enxergar /Que é uma pena/ Mas você não vale a pena(...)”

O problema (será um problema?) é que não quero deixar de sonhar, não quero esquecer que um dia acreditei que chegaria aquele que olharia pra mim e me “cantaria”, nas palavras do Caetano...Totalmente Demais. Acontece que pra esse alguém eu mesma sentirei uma louca vontade de dizer (não vou cantar, porque senão corro o risco de que ele saia correndo...):

“Tanto amei /e fiz tantos planos/ que perdi a paz/ só achei enganos/ tanto procurei/ em vão/ que já não pensava/ em achar o amor/ quando o amor me achava/ Quase por acaso /quase madrugada/ quase deu em nada /quase tudo se perdeu /quase como um filme/ Meu coração /nunca mais /vai bater/ com medo /vai sofrer de amor/ vai morrer de tédio / agradeço a Deus/ e aos céus /ao destino e à sorte/ por trazer você/ para a minha cama/ para minha mesa / para a minha casa/ para a minha vida/ para toda vida/ sim, vai nascer o dia /Bom dia, amor”

Talvez a musica consiga dizer o que nas nossas próprias palavras fica difícil, quase impossível. Usar as palavras de outra pessoa pra expressarmos aquilo que vai dentro da gente deve ser tão antigo quanto o próprio ato de escrever, mas nunca deixa de nos emocionar ler ou ouvir certas palavras, frases, canções. E quando acaba aquele amor, guardamos as cartas e canções numa caixa rosa no fundo do armário. Ou no fundo do coração.

“Cê sabe que as canções são todas feitas pra você/ E vivo porque acredito nesse nosso doido amor /Não vê que ta errado, tá errado me querer quando convém /E se eu não estou enganado acho que você me ama também(...)
(...) E eu não quero ir, não posso ir pra lado algum / Enquanto não voltar / Não quero que isso aqui dentro de mim /Vá embora e tome outro lugar/ Talvez a vida mude e nossa estrada pode se cruzar(...)”



* As musicas citadas são, respectivamente:
Quem sabe isso quer dizer amor -Lô e Marcio Borges, gravada por Milton Nascimento
Não vale a pena – Jean e Paul Garfunkel, gravada por Maria Rita
Minha Casa, Minha Cama, Minha Mesa – Ed Motta
Outro Lugar – Elder Costa , gravada por Milton Nascimento