terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Falsa atribuição de autoria

Quando comecei esse blog, um dos motivos foi garantir que a autoria dos meus textos não fosse questionada, nem que eles fossem divulgados como de outra pessoa. Tenho muito cuidado ao reproduzir algum texto ou imagem aqui, sempre citando o autor e a fonte.
Entretanto, me deixei contaminar... No meu post Supernova, citei um texto que conhecia há muito tempo como de Clarice Lispector, que inclusive não tinha recebido por email, como tantos outros. Acabei encontrando o mesmo texto em sites sobre Clarice e não questionei sua autoria, mesmo não sendo tão o "estilo" da escritora. Pois bem, hoje o autor do texto o encontrou e gentilmente me mandou um coment pedindo para que eu mudasse a autoria, o que fiz imediatamente.
Peço desculpas a Edson Marques, autor do poema Mude, belissima inspiração para meu post Supernova.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Palavras emprestadas - Se você ainda quiser a minha amizade

Se você ainda quiser a minha amizade

Peço desculpas. Errei. Erro o tempo todo.
Minha indelicadeza pode ter te machucado. Minha sinceridade. Ou simplesmente o fato de que eu ando numa fase confusa e não consigo entender direito nem quem sou, quanto mais saber se você está dizendo coisas pra me machucar ou para ajudar.
Ser amigo é difícil. Encontrar alguém sincero é difícil. Mais ainda é confiar que a sinceridade de alguém é sincera.
Agora entendo que você é. Sei que você não tem nenhum motivo para dizer estas coisas difíceis que me diz, além de ser a pessoa que joga a realidade na minha cara. Quando eu tenho raiva, ódio ou escrevo que você não entende nada, e não sabe de nada, e é a pior pessoa do mundo, estou apenas expressando a minha fúria contra a realidade.
Contra você, nunca.
Coisas que eu queria que você soubesse, se continuarmos sendo amigos:
  1. Você pode falar mal de mim. Pode apontar os meus defeitos na minha cara. Pode dizer que as pessoas que amo são hipócritas, mentirosas ou falsas. Mas faça com cuidado. Às vezes eu vou reagir mal e posso até tentar descontar em você. Eu não quero. Principalmente porque é mais fácil que você esteja dizendo a verdade e eu esteja raciocinando errado.
  2. Eu sei que você não quer me prejudicar. Na realidade, eu às vezes tento me prejudicar sem querer. Sei que você, por querer, nunca iria fazer isso. Dá pra me perdoar?
  3. Quando eu mandar um email cheio de ódio, espere dois dias em silêncio. Eu mandarei outro, confessando os meus erros. A culpa é minha e eu peço desculpas preventivas.
  4. Não me prive dos seus conselhos, apesar da minha ingratidão. Eu preciso deles, pra entender o mundo.
  5. Eu vejo o mundo de uma maneira muito diferente da sua. Entenda quando eu não entender nada do que você estiver tentando explicar.
  6. Eu me acho especial. Meus amores foram os melhores, maiores e mais importantes. As minhas dores foram maiores do que as que qualquer humano foi ou será capaz de suportar. Entenda isso, e leve em consideração na hora de medir as palavras dos seus conselhos. Mas também entenda que você é mais especial que tudo isso.
  7. Eu sofro muito quando você joga na minha cara, assim, sem carinho nem anestesia, que eu fiz alguma merda grande com a minha vida. Dói estar errado. E isso me faz errar mais ainda, reagindo mal contra quem entrega a mensagem, ou quem me faz entender as besteiras que fiz. Mas mesmo assim, espero conseguir demonstrar a minha gratidão.
  8. Mesmo que eu não diga o suficiente, a sua companhia me faz bem. Espero conseguir devolver a honra.
Alex Luna

(Publicado originalmenteem 17/12/2010,  no blog do autor Qualquer coisa de triste: http://tarrask.com/qualquer/se-voce-ainda-quiser-a-minha-amizade.html)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Ainda sobre escrever

" Eu não sou poeta nem quero ser
A canção eu fiz pra sobreviver
Coração aperta, canto pra respirar
Toco minha viola pra poder sonhar..."
(O que eu não sou -Isadora Medella- As Chicas)


 Pra quem não conhece As Chicas, recomendo. Essa canção está no cd delas, "Quem vai comprar esse barulho". Ontem um amigo me perguntou qual canção eu mais gostava. A primeira que me veio na cabeça não foi essa, mas depois acabei mostrando para ele e disse: "não sei porque gosto tanto..."

Imediatamente eu mesma entendi o porque: Assim como ela, a compositora, que diz não ser poeta nem querer ser, que canta para sobreviver, também eu não sou escritora ( talvez queira ser...), mas escrevo para sobreviver. O coração aperta, escrevo para respirar. Traço minhas linhas pra poder sonhar.

Claro que gosto que me leiam, dos comentários, dos elogios. Mas não é esse o objetivo. O objetivo mesmo é me libertar. Às vezes sinto como se as palavras pudessem me sufocar se eu não escrevesse, como se precisassem desesperadamente sair e encontrar seu lugar no mundo. Outras vezes, são como um mar de águas calmas, imenso mas tranquilo e que precisa ser revolvido, tomando as forma das linhas. De qualquer maneira que se apresente, libertar minhas palavras se tornou a principal forma de encontro com o que sou. Até mesmo porque "o papel tem mais paciência do que as pessoas".*

* O diário de Anne Frank

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Oportunidade de Crescimento-Estar Presente

"A vida está sempre nos dando oportunidades para crescer. Quando uma porta se fecha, outra se abre. Escutamos sempre isso, mas como podemos utilizar este conceito para nossas vidas? Sabendo que cada situação boa ou ruim (julgada assim por nossos padrões limitados) é uma oportunidade de crescimento, para expandir nossa  visão e ampliar a consciência. Se deixarmos de julgar, apenas tendo fé que uma situação melhor está logo depois da curva da estrada, então viveremos mais plenamente no presente. Vivendo no presente, veremos mais beleza e alegria do que jamais poderíamos ter imaginado."

by Guruatma S. Khalsa

domingo, 5 de dezembro de 2010

Supernova


Há um poema, de autoria de Edson Marques, mas que na net é erroneamente atribuído a Clarice Lispector, que se chama Mude. Ele começa recomendando: "Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade."

Não há nenhuma dúvida que o viver é dinâmico. A mudança das estações, as fases da lua, as marés, o nascer e o pôr-do-sol a cada dia com uma nova beleza não nos permitem pensar de maneira diferente. Não é a estabilidade o que impera, mas sim os ciclos e com eles as necessárias mudanças.

Uma das coisas mais exasperantes para mim é ouvir: os seres humanos não mudam. Para os cientistas, por exemplo, isso soa como uma heresia. A mudança é literalmente a única constante da ciência. Energia, matéria, estão sempre mudando. Transformando-se. Fundindo-se. Crescendo. Morrendo. Da mesma maneira também conosco, homens e mulheres feitos de matéria, alma e coração. 

Assim como o Universo está em constante expansão e evolução, também nós, que somos parte/todo desse Universo, não podemos nos manter imóveis, sem renovação, sem renascimento. O natural é a mudança, a revolução, a metamorfose. Nossa vida dura apenas uma fração de segundos se comparada à vida das estrelas, mas nem por isso é menos brilhante. O que fazemos dessa fração de segundo, o modo como conduzimos esse tempo é que nos faz ser únicos e, ao mesmo tempo, parte dessa experiência mágica chamada vida.

Hoje compreendo que a maneira como agimos, tentando não mudar, que não é natural. Apegamos-nos ao que se foi, querendo que as coisas voltem, em vez de aceitarmos seu tempo de ir. Prendemos-nos a velhas memórias, quando deveríamos é estar constantemente criando novas. Isso porque insistimos em acreditar, apesar de todas as provas em contrário, de que algo nessa vida é permanente.

A grande certeza que tenho nesse momento é que a mudança é a única constante. Paradoxal mas verdadeiro.  Como vamos vivenciar essa realidade, como experimentaremos essa certeza e todas as suas conseqüências vai depender do nosso olhar, da forma como encaramos as necessárias mudanças. 

Podemos sentí-las como a morte. Ou uma segunda chance. E essa segunda chance pode ser adrenalina pura se apenas relaxarmos os dedos, nos desapegarmos e formos em frente... 

Esse é o nosso presente divino. Como se a vida nos desse a todo o momento a possibilidade de nascer de novo, com toda a beleza e o risco de cada escolha, certa, precisa e única.




“Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena !” 
(Edson Marques, " Mude")

Imagem: O nascimento de uma Supernova- http://img.terra.com.br/i/2008/05/30/772044-8272-it2.jpg

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O alimento da minha alma




“I have spread my dreams under your feet; Tread softly because you tread on my dreams.”
(Yeats)


Outro dia o Fabio Hernandez (ele de novo...) postou a seguinte frase:"A minha tese a respeito de sonhos é: eles não existem para serem realizados. Existem apenas para ser sonhados e, depois, perdidos. O sonho realizado morre. O sonho perdido se eterniza".

Sinto uma dor profunda ao pensar nos sonhos perdidos. Ao contrário do Fábio, quero acreditar que os sonhos existem para serem realizados e que também os sonhos realizados se eternizam. Claro que ai, até por uma questão de lógica e de semântica, deixam de ser sonhos e passam para o patamar de realidade.

Shakespeare escreveu que somos feitos da mesma matéria de que são feitos os sonhos. Portanto, seguindo o raciocínio, eternos e eternizáveis na medida em que realizamos esses sonhos. É claro que muitos ficarão pelo caminho, como ecos dos desejos que os criaram, e talvez até mesmo eternizados como quer o escritor. Mas mesmo esses alimentam a alma, enquanto projetamos sua realização, planejamos como serão concretizados.

Às vezes me pergunto o quanto a vida não é mais simples para aquelas pessoas que tem sonhos modestos, quantificáveis e perfeitamente realizáveis. Tão concretos que já nascem quase como realidade. Eu não tenho sonhos modestos. Ou melhor, os tenho, mas andam de mãos dadas com outros muito maiores, de grandes proporções...

Qual seria a diferença entre sonhos e metas? Entre sonhos e projetos? Talvez os sonhos sejam mais ambiciosos e, por isso mesmo, muitas vezes vistos como irrealizáveis. Se for sonho, é devaneio, imaginação, ilusão. Já metas e projetos são diferentes, perfeitamente possíveis e a depender somente do esforço pessoal e de certo planejamento.

Ok, vá lá, metas e projetos são importantes, mas não acho que os grandes feitos do homem tenham nascido somente de metas e projetos. O que é mais provável: que Santos Dumont tenha sonhado, como Ícaro, com asas que o levariam onde homem nenhum nunca tinha ido, ou que um dia acordou e escreveu no seu caderninho: dentro de três anos terei construído o primeiro avião? Eu prefiro acreditar que os vôos que faço hoje nasceram de sonhos um dia tidos como irrealizáveis...

Ontem o Flavio Gikovate postou no Twitter: “Acho possível viver muito bem sem sonhos, que são projetos com pouca chance de se tornar realidade. A cada ilusão corresponde uma desilusão! Os projetos têm um pé na realidade e outro no céu: são hipóteses, por vezes ambiciosas, mas exequíveis. Os sonhos têm os dois pés no céu!” . Gosto de algumas considerações dele, mas essa foi dispensável... Negar a possibilidade de sonhar, mais ainda, tratar os sonhos como ilusões é negar à alma seu combustível. Parece que está dizendo ao coração dos homens que suas realizações dependem somente de uma meta e um bom planejamento. Que paixão, entusiasmo, um pouco de delírio, são elementos perigosos se você tem objetivos...

Eu prefiro manter meus sonhos, eternizados ou realizados, mesmo que às vezes se revelem como ilusões. Tudo bem. Sempre valeu a pena ter sonhado. Minha alma agradece.


* A fotinha é por causa da vontade de comer doces que me atacou agora...;)

Imagem: http://www.destaquesp.com/images/stories/canais/gastronomia/atelier_cake/sonho2.jpg. 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Correndo com os lobos

"Recuse-se a cair.
Se não puder se recusar a cair,
recuse-se a ficar no chão.
Se não puder se recusar a ficar no chão,
eleve o coração aos céus
e, como um mendigo faminto,
peça que o encham,
e ele será cheio.
Podem empurrá-lo para baixo.
Podem impedi-lo de se levantar.
Mas ninguém pode impedi-lo
de elevar seu coração
aos céus -
só você.
É no meio da aflição
que tantas coisas ficam claras.
Quem diz que nada de bom
resultou disso
ainda não está escutando."

Clarissa Pinkola Estés in "Mulheres que correm com os lobos", ed. Rocco

Escrever por que?

 “Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?”*

Tenho certeza de que nada do que escrevo é novidade. Minhas digressões sobre solidão, busca, encontros, amor, paixão, tudo já foi cantando por vozes muito mais talentosas do que a minha. Mas não consigo me calar. Não quero me calar.

Escrever se tornou mais do que um hábito, é agora uma necessidade. Fundamental, mesmo que somente para mim, para ajudar a colocar em ordem o caos dos meus pensamentos.

Mais do que isso, escrever é hoje a maneira que encontrei de me conectar com a criatividade, que por um tempo longo demais esteve fora da minha vida. Ao deixar de lado a criatividade isolei a parte mais importante de mim mesma, a força que me conduzia e que de repente se escondeu no fundo da alma, tão fundo que achei que a tinha perdido para sempre.

Ao colocar em palavras meus sentimentos, pensamentos e desejos sinto estar resgatando uma força antiga, primordial, a força de contar histórias e através delas ajudar a moldar minha realidade.  

Não tenho a pretensão ensinar a ninguém, nem pregar minhas crenças como verdades. As palavras apenas refletem quem sou e quem estou buscando ser enquanto desenho, a cada dia, o meu caminho.

Para quem me lê e comenta, obrigada por ajudar a traçar as retas e curvas desse caminho.




BH, 02/12/2010


* Da poesia de Viviane Mose