quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Escrever por que?

 “Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.
O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?”*

Tenho certeza de que nada do que escrevo é novidade. Minhas digressões sobre solidão, busca, encontros, amor, paixão, tudo já foi cantando por vozes muito mais talentosas do que a minha. Mas não consigo me calar. Não quero me calar.

Escrever se tornou mais do que um hábito, é agora uma necessidade. Fundamental, mesmo que somente para mim, para ajudar a colocar em ordem o caos dos meus pensamentos.

Mais do que isso, escrever é hoje a maneira que encontrei de me conectar com a criatividade, que por um tempo longo demais esteve fora da minha vida. Ao deixar de lado a criatividade isolei a parte mais importante de mim mesma, a força que me conduzia e que de repente se escondeu no fundo da alma, tão fundo que achei que a tinha perdido para sempre.

Ao colocar em palavras meus sentimentos, pensamentos e desejos sinto estar resgatando uma força antiga, primordial, a força de contar histórias e através delas ajudar a moldar minha realidade.  

Não tenho a pretensão ensinar a ninguém, nem pregar minhas crenças como verdades. As palavras apenas refletem quem sou e quem estou buscando ser enquanto desenho, a cada dia, o meu caminho.

Para quem me lê e comenta, obrigada por ajudar a traçar as retas e curvas desse caminho.




BH, 02/12/2010


* Da poesia de Viviane Mose






Um comentário:

Cristiano disse...

Erra você ao acreditar que tudo o que escreveu já foi dito ou falado. Cada linha, cada frase, pode ser igual a alguma já dita em outro momento por pessoa diferente, outra. Mas o conjunto do que escreve - alegrias e tristezas, angústias e extases - é só seu, pessoal e intranferível.

Nem mesmo João Cabral de Melo Neto ou Haroldo de Campos, em toda a objetividade e concretude de suas poesias, conseguiram fugir à esta marca pessoal, este surto, que chamamos estilo.

Qual o seu estilo, Janaína? É uma pergunta ainda a ser respondida...