domingo, 5 de dezembro de 2010

Supernova


Há um poema, de autoria de Edson Marques, mas que na net é erroneamente atribuído a Clarice Lispector, que se chama Mude. Ele começa recomendando: "Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade."

Não há nenhuma dúvida que o viver é dinâmico. A mudança das estações, as fases da lua, as marés, o nascer e o pôr-do-sol a cada dia com uma nova beleza não nos permitem pensar de maneira diferente. Não é a estabilidade o que impera, mas sim os ciclos e com eles as necessárias mudanças.

Uma das coisas mais exasperantes para mim é ouvir: os seres humanos não mudam. Para os cientistas, por exemplo, isso soa como uma heresia. A mudança é literalmente a única constante da ciência. Energia, matéria, estão sempre mudando. Transformando-se. Fundindo-se. Crescendo. Morrendo. Da mesma maneira também conosco, homens e mulheres feitos de matéria, alma e coração. 

Assim como o Universo está em constante expansão e evolução, também nós, que somos parte/todo desse Universo, não podemos nos manter imóveis, sem renovação, sem renascimento. O natural é a mudança, a revolução, a metamorfose. Nossa vida dura apenas uma fração de segundos se comparada à vida das estrelas, mas nem por isso é menos brilhante. O que fazemos dessa fração de segundo, o modo como conduzimos esse tempo é que nos faz ser únicos e, ao mesmo tempo, parte dessa experiência mágica chamada vida.

Hoje compreendo que a maneira como agimos, tentando não mudar, que não é natural. Apegamos-nos ao que se foi, querendo que as coisas voltem, em vez de aceitarmos seu tempo de ir. Prendemos-nos a velhas memórias, quando deveríamos é estar constantemente criando novas. Isso porque insistimos em acreditar, apesar de todas as provas em contrário, de que algo nessa vida é permanente.

A grande certeza que tenho nesse momento é que a mudança é a única constante. Paradoxal mas verdadeiro.  Como vamos vivenciar essa realidade, como experimentaremos essa certeza e todas as suas conseqüências vai depender do nosso olhar, da forma como encaramos as necessárias mudanças. 

Podemos sentí-las como a morte. Ou uma segunda chance. E essa segunda chance pode ser adrenalina pura se apenas relaxarmos os dedos, nos desapegarmos e formos em frente... 

Esse é o nosso presente divino. Como se a vida nos desse a todo o momento a possibilidade de nascer de novo, com toda a beleza e o risco de cada escolha, certa, precisa e única.




“Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena !” 
(Edson Marques, " Mude")

Imagem: O nascimento de uma Supernova- http://img.terra.com.br/i/2008/05/30/772044-8272-it2.jpg

Um comentário:

Edson Marques disse...

Que bom que você gostou do meu poema Mude!


Mude,
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade.
(...)

Quando puder, favor corrigir a autoria!

Detalhes em www.Mude.blogspot.com


Abraços,