quarta-feira, 19 de maio de 2010

Onde vivem os monstros


"A vida pode ficar muito pequena
quando olhamos para ela com
o olhar estreito.
O tédio acontece quando nos afastamos
da capacidade de nos encantarmos
com as coisas mais simples do mundo.
Porque para se estar aqui com
um pouco que seja de conforto na alma
há que se ter riso.
Há que se ter fé. Há que se ter
a poesia dos afetos.
Há que se ter um olhar viçoso.
E muita criatividade."
(Ana Jácomo)



Ultimamente tenho vivenciado experiências e feito descobertas muito significativas, sobre mim mesma e sobre o modo como vejo a vida.

Dentre essas descobertas, está a "religião" de um amigo: Contemplação e Gratidão. Sem dúvida é uma atitude muito interessante diante da vida, a ser copiada...

Mas e quanto à dificuldade de se abrir para essa visão de mundo?

A modernidade, a tecnologia, a globalização, a comunicação instantânea, trouxeram uma série de benefícios, mas a reboque também uma espécie de velocidade desmedida, uma postura acelerada, uma incapacidade de aceitar a calma, o que é lento, um ritmo diferente do frenético e caótico do dia-a-dia. E quando tentamos diminuir esse ritmo, desacelerar, corremos o risco de ser atropelados por quem vem atrás, já “com a mão na buzina”. Então seguimos naquele ritmo, incapazes de parar por um instante e olhar para o que realmente importa.

A questão é que, para conseguir desacelerar, reduzir o ritmo e abrir os olhos para um novo jeito de enxergar o mundo, antes de mais nada precisamos conseguir voltar esses mesmo olhos para dentro de nós mesmos, para o lugar "onde vivem os monstros". E ai reside uma dificuldade ainda maior do que aquela de conseguir contemplar o exterior, pois nossos monstros internos - medos, angústias, dúvidas- são muito mais assustadores do que aqueles que moram no mundo lá fora...

Quando aceitamos olhar para dentro e rever nossos padrões, conscientes ou não, de comportamento, nossas crenças e valores arraigados, saltamos para um mergulho profundo e sem rede de proteção, do qual dificilmente saímos ilesos...

Tudo isso pode soar meio “clichê”, afinal o discurso do olhar para dentro de si está presente em todas as correntes filosóficas, psicológicas e até religiosas, e não há nenhuma novidade no que estou escrevendo nesse momento. Mas peço para que você leia novamente as primeiras linhas desse texto. Eu falava de enxergar com outros olhos o que está fora de nós, aprendendo a contemplar.

O meu mais recente mergulho sem rede de proteção me trouxe, ou melhor, está me trazendo, além da compreensão inerente ao “inner work”, uma capacidade de enxergar que eu não conhecia, um olhar diferenciado, mais vivo, brilhante, aberto e também menos crítico. Como se, ao olhar para dentro, tivesse também tirado aquelas lentes escuras que me impediam de enxergar a beleza infinita que me rodeia e que também está dentro de mim. E conseguir enxergar a beleza da vida, simplesmente.

A capacidade e a coragem de direcionar o olhar para dentro de si, buscando realmente enxergar quem somos e qual o nosso potencial traz um bônus inesperado: “a capacidade de nos encantarmos com as coisas simples do mundo”, e ver a beleza de cada momento.

É claro que esse trabalho custa muito, é árduo e doloroso...Mas ninguém nunca disse que alcançar o conhecimento era um trabalho fácil...


* Para o Dú, que está tendo coragem de olhar para dentro, para o lugar "onde vivem os monstros"...


Imagem: http://blogcinemania.files.wordpress.com/2009/08/onde_vivem_monstros.jpg

3 comentários:

Albatroz disse...

como diria um certo amigo nosso, que já não mora mais em Bsb, Janaína é mesmo uma mente assombrosa... Bela postagem, Maria! Beijão!

Unknown disse...

Comentário sacana:
Vivem no armário da Jana. kkkkk!
Belo texto, Jamaína.

Anônimo disse...

Janaina, aprende muito com vc.....

E obrigado pelo texto...

Dú, ainda tentando me livrar dos monstros