"Porque a mente é como um pára-quedas, só funciona depois de aberta" (Frank Zappa)
Nas minhas andanças recentes pelo mundo interior, finalmente entendi que as grandes questões a resolver na minha vida são a minha imensa insatisfação e uma sensação de inadequação constante. Essas características acabam me levando a outros problemas como a já conhecida ansiedade e, como andei percebendo com a inestimável contribuição do Marcelo Cattoni, uma ligeira tendência à melancolia. Como se nada do que eu tivesse ou fizesse, nenhum sucesso ou conquista , fosse suficiente para aplacar a sensação de perda, de ausência, de falta. A sensação de desamparo e um estado de luto ancestral (e o pior é não saber com certeza o que foi perdido, nem quando...)
A consciência de que essas questões me afetam mais profundamente do que eu imaginava deram o start para um processo de compreensão, de sentir, efetivamente, que toda essa insatisfação e a sensação de inadequação podem, e devem, ser direcionadas para construir, e não destruir. Que a insatisfação só vai encontrar alívio dentro, não fora. E talvez, com essa consciência de existir no centro de mim mesma, entenda (e sinta) que qualquer um pode ser o meu lugar.
Assim como eu, grande parte da minha geração, em especial as mulheres que foram criadas tendo que se adaptar a um mundo de cobranças, internas e externas e de padrões esperados, têm a tendência a buscar compensações para as falhas, insucessos e perdas.
Uma nova paixão pra esquecer a antiga, comida no lugar do cigarro, cidade nova quando a 'velha' não te faz feliz... Mas a verdade é que nenhuma substituição vai conseguir tapar o buraco deixado pelas tais ‘perdas e insucessos’.
Creio que a questão aqui seja entender os porquês. Aprender com o que passou e, quando for a hora, tocar a bola pra frente. Aprender que a única certeza é: independente do tamanho da perda ou do insucesso, o tempo vai acabar por dar-lhes outra dimensão, e quando você menos esperar, terá parado de doer.
Tentar compensar o que perdemos ( ou o que achamos que perdemos) serve só como paliativo e acaba adiando o momento em que a sensação de desamparo nos deixará definitivamente.
Tentar compensar o que perdemos ( ou o que achamos que perdemos) serve só como paliativo e acaba adiando o momento em que a sensação de desamparo nos deixará definitivamente.
É claro que dito assim é tudo muito bonito e possível, mas ‘na prática a teoria é outra’. Lidar com o tempo das perdas, com o tempo de superá-las é o maior dos desafios. Entender que o tempo é amigo, não inimigo, que me faz bem, e não mal é o que ando tentando, com mais e mais força. Oxalá eu consiga aliar teoria e prática...
E, como me disse certa vez um amigo, se o tempo tem me comer, “que seja com meu consentimento, e me olhando nos olhos.”*
E, como me disse certa vez um amigo, se o tempo tem me comer, “que seja com meu consentimento, e me olhando nos olhos.”*
Foz do Iguaçu, 04/11/2010
Um comentário:
Ei Jana! passando pra ver suas palavras... ótimo texto! bjão!
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