segunda-feira, 25 de abril de 2011

Como mudar o mundo


                  Quando era bem mais jovem, lá pelos 17 anos, comecei a fazer política estudantil. Estava no primeiro período da faculdade de Direito, estudava filosofia, política, economia e tinha certeza de que Direito e Justiça andavam de mãos dadas. Por um tempo continuei acreditando, e gritava palavras de ordem, e reunia estudantes, e organizava encontros onde se filosofava e se discutia o que nós, futuro da nação, faríamos de diferente.
                  Mas como a grande maioria das pessoas que acreditava que ia mudar o mundo, aos poucos fui me desiludindo, vendo que no mais das vezes aquelas palavras não passavam de fisiologismos e discursos vazios. Passou o tempo, a faculdade ficou para trás, e com ela a ilusão de que Direito e Justiça eram faces da mesma moeda.
                 Abandonei por um tempo o caminho do Direito e fui procurar outras formas de expressão. Na cozinha descobri que, ainda não mudando o mundo, conseguia fazer diferença na vida de algumas pessoas com as minhas alquimias.
                 Os caminhos me trouxeram de volta ao Direito, agora do lado "negro da força", trabalhando para o Governo, onde tento, à minha maneira, mudar as coisas um pouco de cada vez. Mas é difícil, não tenho dúvida...
                Só que outro dia uma ficha caiu. Na verdade, uma ficha que morava em mim desde a primeira vez em que pisei no palco pelas mãos do meu pai: De todos os caminhos para formar a consciência - política, social e até pessoal, nenhum toca mais diretamente o coração e a alma das pessoas do que a Arte.
               Nos últimos tempos, filmes, exposições, músicas, poesia, têm me aberto os olhos para a força que a arte tem  de mudar pensamentos, conceitos, padrões. Os olhos de Escher, a ousadia de Banksy, o coragem do teatro da Cia Dos a Deux, a crueza do cinema de Inharritu, as palavras de Clarice, Cora, Drummond, Bandeira, Quintana. A irreverência dos Dzi Croquettes. A força de revolucionar.
               Lembro de uma passagem do filme sobre os Dzi Croquettes que me marcou profundamente quando assisti no ano passado: Um dos atores, mais combativo, no auge da ditadura estava convencido que só a luta armada salvaria o Brasil. Então o Wagner, o inventor, criador do genial grupo insistiu: Só o amor constrói, só a arte constrói, só a arte salva.
               Amor é arte. Amor e arte. Amor à arte. Não serão necessários cartazes, passeatas, votações, plebiscitos; nem estudos, teses, filosofia; tampouco ego, self ou id, quando chegar o dia em que as palavras do Wagner puderem ser realmente ouvidas: Só a arte salva... Essa é uma bela maneira de mudar o mundo.


Imagem:  http://colunistas.ig.com.br/aplausobrasil/files/2010/07/dzilenny-dale.jpg

4 comentários:

Niura disse...

Que lindo! Aplausos!

Aleta Dantas Câmara disse...

A arte é a expressão da alma e ela fala às almas de quem permite-se apreciá-la e descobrir suas mensagens intrínsecas. Seus textos são arte e emocionam. :*

Adão Rodrigues disse...

Sem dúvida Janaína, arte é a palavrinha mágica que me fascina desde que nasci, há quase 62 anos atrás… o artista, me desculpe se exagero, é o melhor ser humano que Deus criou. O artista é o que melhor representa Ele, o Pai da criação. Então, a conclusão que afinal, felizmente, você chegou, faz todo sentido. Parabéns pelo texto querida, muito bom!!! Bjss

Adriana ♣* disse...

É verdade!

Só a arte salva!