Há algum tempo a questão da impermanência vem permeando meus pensamentos. Aceitar o fato de que as coisas (e principalmente as pessoas) não nos pertencem e que o fluxo natural é o ciclo vida-morte-vida está no centro das minhas questões atuais.
Temos dificuldade em lidar com a finitude, especialmente das nossas relações pessoais, seja pela morte de quem amamos, pelo afastamento físico ou pelo exaurimento do amor. E por sermos, em nossa grande maioria, seres que lidam de forma atravessada com as mudanças e os ciclos naturais da vida, quando nos vemos diante do fim inevitável nos agarramos a qualquer esperança de salvação, mesmo sabendo, no fundo, ser aquele o único caminho possível.
Nas relações amorosas temos essa sensação/necessidade de forma mais intensa. É extremamente difícil colocar o ponto final no amor, mesmo quando somos a parte que tem certeza de ter chegado o momento, fica sempre aquela sensação do "e se". Mas não há espaço para o "e se" quando o amor tem que terminar.
Então, no meio dos meus pensamentos sobre a impermanência no amor, assisti a um filme que faz uma fotografia, muito bela e precisa, da separação e do fim do amor: Blue Valentine. No Brasil foi traduzido como "Namorados para Sempre", e essa escolha infeliz acabou me fazendo pensar que no fundo é o que todos queremos: continuar como namorados para sempre, com a cegueira da paixão dos primeiros tempos, que nos faz acreditar que pode ser eterno. Permanente.
Acabei escrevendo uma crítica sobre o filme, como exercício depois de ter feito o Curso de Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica com Pablo Villaça . Não tenho a intenção de transformar esse num blog sobre cinema, mas acho que publicar essa crítica aqui faz todo o sentido. O próximo post é dedicado a ela.
Um comentário:
Ótimos posts...
Infelizmente é essa a realidade: contamos que é eterno.
:(
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