quarta-feira, 14 de julho de 2010

(des)Controlar

Existem pessoas que não conseguem viver bem se não tiverem a certeza de que as coisas, todas, não sairão de seu controle. Em casos extremos essas pessoas desenvolvem transtornos psicológicos, em outros apenas tem a vida dificultada por esse comportamento. Eu me encaixo no segundo caso...

Tenho uma imensa dificuldade em lidar com o imprevisível, o não planejado, em deixar as coisas ao sabor do vento. E isso em praticamente todos os setores da minha vida. Profissionalmente é até uma boa característica, porque a gente acaba sendo mais eficiente do que a maioria. Mas eficiência não é exatamente o que precisamos em outras áreas...

Não dá para controlar, por exemplo, os sentimentos dos outros por nós, sua disponibilidade, seu desejo. Nem o tempo, esse senhor de barbas brancas que tanto me assusta. Não é possível controlar a hora em que as coisas começam a morrer, sejam elas vontades, sentimentos ou mesmo nossos animais de estimação.

Aprender que nem tudo é previsível, planejável, tem sido mais uma batalha para mim. É claro que somos inteligentes o suficiente para SABER que existem coisas que fogem e fugirão sempre ao nosso controle. Mas o fato de SABER não significa conseguir realmente aplicar na vida essa consciência. Pessoas controladoras não conseguem diferenciar muito bem o que é passível de racionalizações, pesos e medidas daquilo que deve simplesmente seguir seu próprio curso, e a nossa tendência é sempre buscar uma saída na qual o mínimo de controle prevaleça.

O que fazer então quando se está diante de uma situação que não depende de nada que podemos fazer?

Honestamente, eu fico apavorada... As mãos começam a suar, milhões de coisas passam pela cabeça, a ansiedade me consome. Depois de muito quebrar a cara nessas situações e me deixar dominar pela ansiedade e pela sensação de impotência, tenho tentado algumas “saídas”...

Para mim, a primeira coisa a fazer é reconhecer que a necessidade de controle faz parte de quem você é e aceitar isso, sem ver como uma coisa totalmente negativa, usando a seu favor quando é necessário, mas sem se deixar “dominar” por esse padrão. Ter consciência já é um começo e tanto.

Ai vem a parte difícil, aprender a relaxar...

Quem tem necessidade de controle geralmente é mais racional do que emocional, então a idéia é apelar para o racional também para lidar com a consciência de que não dá para conter sempre o rio...

Ultimamente andei aprendendo umas lições muito válidas sobre programações cerebrais e mudanças de padrões e comportamentos. Ainda não consegui aplicar essas lições em todos os padrões que precisaria alterar, mas tem sido um exercício muito válido quando se trata de controle.

E assim vou fazendo: Olho para a situação que está me deixando desesperada porque não consigo planificar ou moldar à minha maneira e, consciente e racionalmente, começo a pensar em como pode dar certo sem minha atuação, sem que eu coloque dentro de uma das minhas caixinhas numeradas. Não penso no que pode dar errado porque o não, como diz um amigo meu, está sempre garantido.

Então tiro a barragem que construí e deixo o rio fluir. Ele tem seus modos, seus próprios caminhos, suas vontades. Seu jeito de correr em direção ao mar pode não ser igual ao que tracei, mas no fim, o mar estará lá. Porque se existe uma verdade que aprendi a aceitar é que no fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não terminou...

Confesso que não é fácil perceber que até mesmo o tal do “destino” pode resolver dar palpite, mas mesmo assim tem sido uma sensação libertadora...

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