terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre Comer, Rezar e Amar

Tudo que vejo ao meu redor é em verdade um reflexo do meu mundo interior.Através dos pensamentos,sensações e atitudes participo da força criadora que expande universo.*

 



Há alguns anos escrevi um texto "motivado" pelas infindáveis horas que passava vendo TV enquanto estava à toa na Itália. Naquela ocasião, escrevi que não achava estranho rever minha vida à luz de uma série de TV, meio que me desculpando pela motivação do texto. Agora vou me justificar porque estou revendo a vida à luz de um best-seller...

Nunca tive muita paciência para best-sellers, meu lado PIMBA ( Pseudo-Intelectual-Metida-a-Besta) me empurrava pra bem longe deles, e esse não foi exceção. Escutava as pessoas comentarem,  a imprensa no mundo inteiro enchendo a bola do livro, que era isso, era aquilo, tinha mudado a vida de muitas mulheres, blá-blá-blá... Confesso que tinha muita preguiça...

Mas um dia resolvi dar uma chance ao livro. Não sei como  “Comer, rezar, amar” influenciou a vida das centenas de milhares de mulheres que o leram nos últimos anos. Não sei se provocou algum tipo de revolução, se as impulsionou a fazer as malas, se mostrou caminhos. Mas sei como está influenciando a mim. Na verdade, creio que representa o fechamento de um ciclo de “coincidências” que me trouxeram ao momento de hoje.

Pra quem não conhece a história, o livro trata da jornada de autoconhecimento de uma escritora norte-americana, durante um ano de viagem à Itália (o prazer), a Índia (a devoção) e à Indonésia (o amor). Conheço a Itália, conheço o prazer que ela experimentou, então essa parte apenas me trouxe boas recordações. Não conheço a Indonésia, mas entendo que essa seja a parte que a maioria das mulheres mais gosta, pois foi lá que ela encontrou o amor. Mesmo pras mais céticas, no fundo é o que todas nós queremos viver, aquele grande amor sem complicações, sofrimentos e dores. E ela fez por merecer aquele amor no fim da sua jornada.

Mas meu coração, minha emoção, ficaram na Índia. A devoção. Rezar. Foi ali, na Índia, meditando e praticando Yoga, que ela conseguiu encontrar seu centro. E foi ali que o livro me pegou “pelo estômago”. Que meus amigos não se assustem, não tive um surto de iluminação religiosa. Apenas estou aceitando que certas coisas não estão sob meu controle e nem definitivamente sob o jugo da razão...


Obviamente fui apenas uma das centenas de milhares de mulheres que se identificaram com a autora, que se viram espelhadas nas descrições que ela faz de si mesma: controladora, com mania de perfeição, incapaz de se relacionar de maneira saudável com um homem sem se converter na sombra desse relacionamento, incapaz de aceitar os fracassos (diários e comuns) impostos pela vida, sempre iniciando novos projetos que muitas vezes ficam pelo caminho, ansiosa, desesperada, com medo de ser devorada pelo tempo, sem entender que as coisas são como devem ser. Essa é Elizabeth, e essa sou eu.   

Não me divorciei, nem tive que desistir de um amor que não conseguia se concretizar, pelo menos não recentemente, mas as cicatrizes dos supostos “fracassos” amorosos estão aqui, e também as dúvidas sobre os porquês da incapacidade de amar de maneira saudável. Mas esse não é o motivo que me fez sentir a identificação tão grande com Elizabeth. Eu me identifiquei porque também me sinto perdida, sem rumo, sem certezas, sem “casa”.  E assim como ela, preciso desesperadamente encontrar o centro em mim mesma, o equilíbrio e, porque não, a devoção.

Para se encontrar, Elizabeth escolheu viajar, para sair daquela paisagem familiar, se afastar fisicamente das "razões" do seu sofrimento, e ficar consigo mesma. Não descartei a possibilidade de viajar também fisicamente, mas isso ficará um pouco mais para frente. No momento, minha viagem vai ser só interior...

Há dois meses escrevi aqui sobre minha experiência com a yoga. Continuo praticando (menos do que gostaria e deveria) e continuo sentindo os efeitos dessa prática. O livro me ajudou a ver com mais clareza que estou no caminho certo, que o mergulho sem redes para dentro de mim é o único meio para encontrar quem realmente sou e que yoga e devoção podem me ajudar a trilhar a estrada de volta.


BH,  26/10/2010

*Rodrigo Goston D' Fernand- http://encontrodentrodemim.blogspot.com/

Imagem: http://4.bp.blogspot.com/_Xx5ra88JGro/SZnoBVfXlbI/AAAAAAAABps/MlU_SVqS-lU/s320/Somos++Luz.jpg






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