quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Feliz agora e não depois.

Outro dia eu estava tristinha, uma dessas tristezas meio "emo" que me acometem de vez em quando e alguém me disse: quando você ficar triste assim, pensa nos nossos irmãos lá da região serrana do Rio...

Me senti menor do que uma formiguinha, insignificante na minha tristeza fabricada, reflexo do comportamento de uma geração que adora criar dramas, sofrer com pequenas dores como se fossem tragédias.

É claro que o Caetano tinha razão quando disse "cada a um sabe a dor e a delícia de ser o que é", e nem quero posar de intocável desmerecendo o sofrimento de ninguém, mesmo que ele pareça aos olhos de fora insignificante. Só nós sabemos o quanto algumas bobagens doem antes de entendermos que eram só isso,  bobagens.

Mas naquele dia foi dada à minha tristeza a dimensão real do que ela significa: nada. Não há nenhuma razão concreta e real na minha vida que possa causar mais do que pequenas nuvens cinza que qualquer ventinho dissipa. Então de onde vem a tal tristeza? Da mania de gostar de problemas, de criar crises quando elas não existem, de alimentar o lado "jovem Werther", como aqueles românticos do seculo XIX, de cultivar o sofrimento como se fosse uma vitória pessoal, tipo 'olha como é trágica a minha vida!'.

Talvez tenha mesmo razão um autor que estou lendo: sofrimento psicológico não passa de ilusão. Obviamente não estou falando de reais sofrimentos mentais, aqueles que precisam de tratamento médico e que são questões químicas do nosso cérebro. Falo daquele sofrimento nascido da nossa ligação com o passado, das expectativas no futuro, aquele que deriva dessa crença de que já fomos, ou um dia seremos, mais felizes. Nós mulheres temos mestrado e doutorado nisso,  porque além de todos os outros tipos, parece que o sofrimento romântico está impresso no nosso DNA...

E como fazer para não cair nessa armadilha? Não tem manual, sem auto-ajuda. Eu não sei, mas estou tentando aprender. A segurar a onda de "mulherzinha/emo" e não ter mais dúvidas de que só dá pra ser feliz, mesmo, se for agora.

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